De acordo com Cerutti, et all (2010), desastre é a interrupção grave do funcionamento de uma comunidade ou sociedade que causa perdas humanas e/ou importantes perdas materiais, econômicas ou ambientais que excedam a capacidade da comunidade ou sociedade afetada para fazer frente à situação, utilizando seus próprios recursos. Para a vigilância em saúde ambiental é considerado desastre quando houver dano ou destruição da infra-estrutura de saúde (perda de leitos, medicamentos, insumos, equipamentos) ou recursos humanos e/ou exceder a capacidade de atendimento do serviço local de saúde, causados por um fenômeno natural.
Os desastres se subdividem, segundo sua causa, em duas amplas categorias: aqueles
provocados por fenômenos naturais (desastres naturais) e os provocados ou gerados pelo homem (desastres artificiais). O termo desastre natural se aplica, aos fenômenos naturais, combinados com seus efeitos nocivos, ou seja, a perda de vidas, doenças ou a destruição de edificações. De acordo com o tempo de ocorrência, os desastres naturais podem acontecer de forma súbita ou aguda, como terremotos, tsunamis, tornados, tormentas tropicais, inundações, vulcões, furacões, ciclones, deslizamentos e incêndios florestais; ou de início lento ou crônico, como secas, desertificação, degradação ambiental, desmatamento ou até uma infestação por pragas (Cerutti, et all, 2010).
Consequências psicológicas dos disastres
As consequência psicológicas dos disastres podem ser: problemas de concentração, temores, transtornos do sono, alterações frente aos ruídos, irritabilidade, aborrecimento e desinteresse, ansiedade, insegurança, tristeza, reiteração do evento, problemas somáticos e impotência (Cerutti et all, 2010)
Formas de intervenção para as vítimas dos desastres
É importante ressaltar que as intervenção pode ser antes do desastre (prevenção, mitigação, preparação e alerta) e depois (reabilitação e reconstrução), para Prieto (2007), há grande necessidade de se ter assistência psicológica inicial no caso de ocorrência de disastres, para tal, deve haver profissionais da saúde física e mental de diferentes áreas como por exemplo: profissionais de cuidados intensivos, profissionais de aconselhamento e outros.
As acções a se ter em conta na intervenção de desastres naturais são: contenção do impacto emocional de familiares e próximos, acompanhamento de familiares na busca de informação, orientação e assessoramento a administrativos e voluntários. As acções psicossociais para as vítimas podem ser: restaurar o funcionamento de mecanismos de adaptação, reforçar as capacidades para resolver problemas, promover a capacidade para reorganizar seu mundo, ajudar a se reintegrar às redes de sustentação (Prieto, 2007).
Como identificar as vítimas em disastres naturais
Para a identificação das vítimas devem se ter em conta um conjunto de acções como: identificação das áreas de risco de desastres com probabilidade de impacto na saúde humana; identificação das comunidades vulneráveis e caracterização dessas vulnerabilidades; análise de risco segundo a classificação do desastre e gravidade para a população; estabelecimento de indicadores, sistemas de informação e avaliação das ameaças à saúde humana (Prieto, 2007).
Posição das vítimas dos disastres naturais
A posição vária de individuo para individuo ou mesmo de sociedade para sociedade, dentre as várias podem se destacar as seguintes: desconhecimento, negação (a negação e o desconhecimento frente ao risco aumentam a vulnerabilidade individual e social), onipotência e pensamento mágico (Prieto, 2007).
É necessário implementar-se um conjunto de acções para a prevenção de redução de risco. Essas acções podem ser: conscientização, sensibilização, percepção de risco, reconhecimento, capacitação de líderes, fortalecer canais de comunicação, promover redes sociais de sustento e contenção.
Com base na questã quem é a vítima do desastre: homem ou a natureza? Fica dificil encontrar uma única resposta satisfatória, porque o homem assim como a natureza podem ser as vítimas dos desastres, porém, isso é um processo cíclico (homem afecta a natureza e ela afecta o homem). O homem é considerado vítima quando a ocorrência do desastre não tem como causa a intervenção directa do homem, exemplo: inundações. A natureza pode ser tida também como vítima quando a ocorrência do disastre resulta da intervenção do homem. Ex: destruição da camada do ozono dando origem ao aquecimento global. Contudo, é importante dizer que entre estes (homem/natureza), não existe uma vítima exclusiva no acontecimento de um desastre porque as consequências sempre terão incidencias tanto no homem como na própria natureza.
Situação do disastre em Moçambique
Moçambique é o terceiro país mais afectado pelos desastres naturais em África, depois das Maurícias e Benin e um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas que já estão a ser sentidas em todo globo. Esta situação resulta da sua longa costa (2700 quilómetros), na qual se situam os principais portos nas cidades de Maputo, Beira e Nacala (Pambazuka news, 2009).
Referências bibliográficas
Cerutti, D., Monteiro, E., Cancio, J., Gonçalves, L. e Oliveira, M. (2010). Programa nacional de vigilância em saúde ambiental dos riscos decorrentes dos desastres naturais vigidesastres. Brasília.
Prieto, C. (2007). Aspectos psicossociais em situações de desastre. Acessado no dia 19 de Setembro de 2010 em http://www.disaster-info.net/lideres/portugues/curso-brasil08/palestras_pdf/aspectos_psicossociais_em_situacoes_de_desastre.pdf.
Pambazuka news (2009). Meio ambiente: Moçambique, desastres naturais. Acessado no dia 22 de Setembro de 2010 em http://www.pambazuka.org/pt/category/environment/56588.