terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Estrutura e Organização da Orientação Professional

1. Introdução
Tem se notado altos índices de rotatividade, absenteismo e insatisfação de muitos individuos nas organizações. Todos esses casos podem também, de certo modo, ter origem na falta de um bom trabalho de orientação professional.
É importante falar deste tema no contexto moçambicano porque há necessidade de se ter conhecimentos desta área para clarificar que os serviços dos psicólogos em Moçambique são tão importantes para a saúde mental e sucesso laboral quanto os serviços dos médicos para a saúde física.
O trabalho surge no ambito da disciplina de Psicologia de Orientação Professional com o objectivo de estudar e aprofundar aspectos relactivos a estrutura e organização da orientação professional. A pesquisa foi efectuada na comunidade académica para o desenvolvimento-CADE situada na cidade de Maputo.
O trabalho apresenta a seguinte estrutura: apresentação da instiuição; problema de pesquisa; justificativa; objectivos gerais e específicos; fundamentação teórica; metodologia; apresentação dos resultados; limitações; recomendações para a instituição e a conclusão.

Abreviaturas: SOEV (serviços de orientação escolar e vocacional), SOVP (serviços de orientação vocacional e profissional), SOE (serviços de orientação escolar), OP (orentação profissioanal), SOEP (serviços de orientação escolar e profissional), SOPV (serviços de orientação profissioanl e vocacional).
1.1 Problema de pesquisa
Uma boa orientação professional, através de equipamento ou material como: testes, computador e outras tecnologias de informação, estalações (três salas, uma pequena para execução do aconselhamento e aplicação dos testes, uma do tamanho médio para recepção e uma maior para reuniões e trabalhos em grupos), etc., deve ser capaz de descobrir sua real tendência professional, seus talentos naturais e traços de personalidade e determinar com precisão, o que o individuo gosta de fazer, suas habilidades e em que profissão irá se sentir realizado. É a melhor maneira de descobrir-se e descobrir o caminho para o sucesso e a felicidade.
Qual é a estrutura, organização e funcionamento dos serviços de orientação professional na CADE?

1.2 Justificativa
Uma vez que o nosso país se encontra em vias de desenvolvimento e em situações de grandes disequilíbrios sociais e surgimento de novas formas de emprego, há grandes necessidades de se conceber uma organição, estrutura e funcionamento dos serviços de orientação de modo a responder satisfatoriamente as demandas do meio escolar/profissional.

1.3 Objectivos gerais
Conhecer a estrutura, organização e funcionamento dos serviços de orientação da CADE.
1.4 Objectivos específicos
Analisar se a estrutura, organização e funcionamento da orientação é devidamente implementada.
Identificar os clientes que tem se beneficiado desses serviços.
Identificar as principais causas que levam as pessoas a procurar esses serviços.
identificar as dificuldades encontradas pelos orientadores.
Verificar o tipo de formação das pessoas que fazem as actividades de orientação.
Caracterizar a estrutura e organização de orientação.
Identificar a frequência das pessoas a instituição para se beneficiar desses serviços.
Identificar o material usado nesse processo de orientação professional.

1.5 Metodologia
Para a concepção desta pesquisa, a amostra foi constituida por dois funcionários da instituição. Os métodos usados foram entrevista semi-estruturada e revisão bibliográfica. A entrevista foi efectuada na instituição (CADE), consistiu na transcrição dos dados para facilitação da análise qualitativa dos dados.

1.6 Apresentação da instiuição
A Comunidade Académica para o Desenvolvimento-CADE é uma associação privada sem fins lucrativos, que promove o envolvimento dos jovens e da sociedade civil na luta pelo progresso da educação, saúde, meio ambiente do país através da promoção da cidadania responsável. A cede localiza-se na cidade de Maputo/Moçambique.

2. Fundamentação teórica
2.1 Definição de conceitos
Uma estrutura define do que um sistema é feito. É uma configuração de itens. É uma coleção de componentes ou serviços inter-relacionados. A estrutura pode ser uma hierarquia (uma cascata de relacionamentos um-para-vários) ou uma rede contendo relacionamentos (CDL de Barra do Garças, s/d).
De acordo com Lampeao (2009), organização é o modo como se organiza um sistema. É a forma escolhida para arranjar, dispor ou classificar objetos, documentos e informações. É também o modo como foi estruturado, dividido e sequenciado o trabalho. A estrutura de uma organização é representada através do seu organograma.
Serviço é o equivalente intangível de um bem. A prestação de serviços é uma actividade onde, em geral, o comprador não obtém a posse exclusiva da coisa adquirida (salvo o caso em que exista contrato de exclusividade). Os benefícios do serviço prestado, caso lhe seja atribuído um preço, devm ser evidentes para o comprador, ao ponto de este estar disposto a pagar para o obter.
O conceito vocacional tem sido entendido como referente à vocação. Vocação, do latim vocatione, significa acto de chamar, escolha, chamamento, predestinação, tendência, disposição, talento, aptidão. O conceito profissional é definido “como respeitante ou pertencente à profissão, ou a certa profissão”; “que exerce uma atividade por profissão ou ofício”. O conceito orientação profissional, na perspectiva psicológica significa a ajuda prestada a uma pessoa com vistas à solução de problemas relativos à escolha de uma profissão ou ao progresso profissional, tomando em consideração as características do interessado e a relação entre essas características e as possibilidades no mercado de emprego”. O conceito orientação educacional consiste em um “processo intencional e metódico destinado a acompanhar, segundo técnicas específicas, o desenvolvimento intelectual e a personalidade integral dos estudantes, sobretudo os adolescentes, orientação escolar” (Ferreira, 1986).
Orientação Vocacional é um serviço que visa disponibilizar aconselhamento de carreira, de forma individualizada, recorrendo a actividades como a avaliação psicológica e a discussão com o cliente, dos diversos detalhes da sua situação de carreira (jlagapito.net, s/d).
Segundo jlagapito.net (s/d), num processo de orientação vocacional procuram-se desenvolver essencialmente dois aspectos:
Auto-conceito do cliente (o que conheço sobre mim, que actividades desempenho bem, do que gosto, como reajo a diferentes situações)
Conhecimento da oferta do meio (que formações existem nas áreas da minha preferência, o que fazer para as obter, que actividades profissionais existem que eu goste, o que fazer para as conhecer)
No final da intervenção é entregue e/ou discutido com o cliente um relatório com a análise dos dados pertinentes no contexto do processo.

2.2 Estrutura do funcionamento dos SOEV
Segundo OCDE-Comunidades europeias (2004), uma das primeiras dimensões a ter em consideração na criação de um SOEV e na definição das suas políticas é o seu enquadramento nas normas legais nacionais que regulam este tipo de actividade. A legislação de cada país pode ser mais ou menos variável em conteúdo, extensão e pormenor mas há um conjunto de dimensões sobre as quais um SOVP deve estar informado e, para isso, deve procurar directivas legais.

2.3 Pressupostos básicos e gerais de orientação segundo a Comunidades europeias (2004), são:
A orientação deve ser realizada por conselheiros|as profissionalmente qualificados|as
As suas competências devem ser usadas com o objectivo principal de responder às necessidades de desenvolvimento vocacional e profissional dos|as seus|uas clientes.
Os|as conselheiros/as de orientação vocacional e profissional (COVP) devem:
1.Acreditar no valor e na importância da dignidade de todo e cada indivíduo;
2.Estar preocupados com o bem-estar dos|as seus|uas clientes e trabalhar construtivamente nesse sentido;
3.Ajudar os|as seus|uas clientes a funcionar de forma mais eficaz enquanto indivíduos e a serem bem sucedidos|as no seu percurso formativo e/ou profissional;
4.Contribuir para a autonomia dos|as seus|uas clientes;
5.Acreditar que os SOVP devem estar ao alcance do maior número possível de pessoas;

2.4 Princípios deontológicos
Parte-se de dois pressupostos básicos e gerais: a orientação deve ser realizada por conselheiros profissionalmente qualificados. As suas competências devem ser usadas com o objectivo principal de responder às necessidades de desenvolvimento vocacional e profissional dos seus clientes (OCDE, 2004).

2.5 Regulamento Interno
Quando um Serviço de Orientação Vocacional e Profissional está inserido numa organização e que esta possua já algum regulamento interno é fundamental que as políticas do SOVP não entrem em contradição com as políticas mais gerais da organização e é importante que se complementem. O regulamento do SOVP pode evitar a repetição de regras e de políticas que constem no regulamento geral, bastar fazer as necessárias referências ao documento mais genérico (OCDE, 2004).

2.6 Itens do plano de orientação educacional
Não há um modelo para a redação de um plano de orientação educacional. Entretanto, seria interessante, se bem que não obrigatório, que ouvesse uma certa uniformidade na apresentação dos itens do plano, o que facilitaria o trabalho não só de quem os elabora, como também de quem os consulta.
De acordo com Giacaglia e Penteado (2000), para fins de ilustração e para auxiliar o orientador no inicio de carreira propõe-se um modelo de plano, do qual constam os principais itens ou partes: Identificação e localização da escola; Delegação de ensino à qual a escola está subordinada; Nome do direitor da escola; Nome do orientador educacional; Data do plano. Datas de planos anteriores; Síntese das principais caracteristicas da comunidade e da escola; Objectivos da escola e do SOE; Estrategias e intrumentos; Cronograma; Avaliação da actuação do serviço de orientação educacional.
Nesse conjunto de itens, centrar-me-ei apenas nas estrategias de orientação. Há vários tipos de estratégias que podem ser usados em orientação. Elas devem ser escolhidas para cada situação de acordo com os objectivos propostos e com os recursos da instituição e da respectiva comunidade.

2.7 Estratégias usadas em orientação escolar e vocacional
As estratégias podem ser gerais, isto é, aplicáveis a todas as áreas da orientação ou mais especificas, isto é, mais indicadas umas áreas do que para outras. As estratégias usadas na orientação escolar e vocacional podem ser preventivas ou remediativos. Nas preventivas, trata-se geralmente de estratégias de aplicação colectivas como, por exemplo as palestra. Nas remediativas, na maior parte dos casos, situam-se as de aplicação individual como a entrevista, por exemplo (Giacaglia & Penteado, 2000). Dentre as estratégias comumente utilizadas pelo orientador, destacam-se: palestras, reuniões e entrevistas.
As palestras são recursos valiosos que podem ser usados tanto na escola como na comunidade.
Outra estratégi a usada com frequência, em âmbito escolar, é a reunião. Ela pode ser realizada com elementos ja indicados, em conjunto ou separadamente, conforme o caso, e pode ter múltiplas finalidades, de acordo com as necessidades do SOE.
Além dessas estratégias em grupo, normalmente com caráter mais preventivo. Emprega-se também a orientação individual, geralmente com caráter remediativo e sob a forma de entrevista. As entrevistas com alunos ou seus pais, poderá ser marcada por convocação do SOE ou por solicitação dos interessados. Às vezes, podem ser convocadas ou solicitadas entrevistas pelo orientador escolar com professores ou outros funcionários para tratar de assuntos específicos. Às entrevistas, sempre que possível, devem ser agendadas. É necessário que a pessoa seja informada sobre o tempo de duração das mesmas, para que haja objectividade na prestação das informações e aproveitmamento do tempo. As entrevistas precisam ser conduzidas de modo a que se chegue a resultados satisfatorios, isto é, que os objectivos pretendidos sm alcançados. Na condução da entrevista, deve-se ter uma postura adequada e somente fazer intervenções verbais oportunas. É importante que se ouça atentamente o que é dito pelo aluno, pelo pai ou responsável durante a mesma. Igualmente relevante, é prestar atenção à voz de quem fala, às mudanças de entonação e como e qundo estas ocorrem, isto é, de que a pessoa estava tratando no momento. Da mesma forma, deve-se obervar o comportamento não verbal, o que inclui a postura de quem fala, os gestos, expressões faciais, maneirismos e as mudanças de posição, conforme o assunto tratado. Às vezes, a pessoa pensa uma coisa e, conscientemente ou inconscientemente, diz outra diferente. Por este motivo, é preciso que orientador não se restrinja apenas a ouvir o que o entrevistado fala, mas analizar e registrar como ele o faz. Terminada a entrevista, deve-se fazer um registro do que foi tratado na mesma e colocá-lo na pasta do aluno, do professor ou do funcionário, conforme o caso.

2.8 Avaliação da actuação do serviço de orientação educacional
A avaliação pode ser de caráter interno, isto é, o próprio orientador levanta os dados, realiza as análises e conclui sobre os resultados ou externo, quando outros elementos (alunos, ex-alunos, professores, equipe técnica e pais) podem ser solicitados a se manifestar sobre o desempenho do SOE (Giacaglia & Penteado, 2000).

2.9 Organização dos SOVP
Para que o orientador educacional possa exercer, com eficiência possivel, as suas funções, constitui condição básica a existência de um serviço de orientação escolar bem organizado. Uma adequada organização dos servicos de orientação escolar e vocacional deve compreender os seguintes tópicos: as instalações, fichários, tipos de fichas e outros materias necessários ao trabalho do orientador escolar e vocacional (Giacaglia & Penteado, 2000).
De acordo com a Escola Brotero (2009), as funções de um orientador são de assegurar o acompanhamento do aluno, individualmente ou em grupo, ao longo do processo educativo, bem como o apoio ao desenvolvimento do sistema de relações interpessoais no interior da escola e entre esta e a comunidade, contribuindo para a igualdade de oportunidades, para a promoção do sucesso educativo e para a aproximação entre a família, a escola e o mundo das actividades profissionais.
Os técnicos dos Serviços dispõem de autonomia técnica e científica respeitando, na sua prática, as normas éticas e deontológicas das suas funções, nomeadamente a salvaguarda da privacidade dos alunos e das suas famílias, no respeito pela sua cultura, interesses, valores e decisões.
Quanto a prevenção do absentismo escolar e do abandono precoce, pretende promover uma adequada integração dos alunos, prevenindo a fuga à escolaridade, o abandono precoce e o absentismo sistemático. Assim, os serviços tentam identificar e analisar as causas do insucesso escolar e propôr medidas tendentes à sua eliminação, colaborando em diversas acções comunitárias. Pretendem sensibilizar os alunos, as famílias e a comunidade em geral, para as vantagens da qualificação profissional no acesso ao mundo do trabalho.

3. Apresentação e discussão dos resultados
No que cerne a actividade “luta pelo progresso da educação”, a CADE tem desempenhado várias actividades como feiras que consiste de uma série de palestras, visitas de estudo, workshops de orientação vocacional, exposições, entre outras actividades de relevo para a camada estudantil moçambicana.
De acordo com os dados recolhidos no processo de entrevista acerca da estrutura e organização dos serviços de orientação, notou-se que a instituição não possui uma estrutura interna padronizada uma vez que ela depende de outras organizações para realização destes serviços nas feiras que esta promove. De acordo com Giacaglia & Penteado (2000), diferentes instituições propõem os modelos que acham mais convenientes, práticos ou que estão mais acustumados a usar. Portanto me abstenho de caracterizar ou demostrar uma estrutura fixa da instituição porque a instituição (CADE) depende das organizações que esta convida a participar nas feiras ela promove.
Os individuos que mais tem se beneficiado destes serviços são estudantes de diferentes níveis escolares, sendo mais frequentes os finalistas dos níveis secundário e estudantes dos níveis superior. Durante a entrevistra com os funcionários da CADE, constatou-se que os estudantes finalistas dos níveis secundário interessam-se mais por estes serviços para obter mais informação acerca dos proximos níveis e dos cursos que estes poderão disponibilizar futuramente. Um aspecto a se ressaltar, é que muitos outros individuos que procuram se aproximar nas palestras destes serviços é para obter informação acerca do funcionamento do serviço de orientação, isto é, procuram saber qual é a função de um orientador. A psicologia oferece seus instrumentos, visando proporcionar reflexões e auto-conhecimento por meio da orientação profissional. Para Bock (1995), a função do psicólogo é promover a saúde, e de alguma forma, o trabalho de OP pretende atingir tal objectivo, já que leva o sujeito a se conhecer, no sentido de possibilitar uma escolha mais lúcida, madura, ajustada de acordo com as habilidades de cada individuo.
Quanto a organização dos SOEP, a instituição não possui um local fixo para execução destes serviços, pois ela tem promovido feiras em diversos locais em parceria com várias outras instituições facilitando a execução destes serviços. Essas feiras não tem sido efetuadas frequentemente mas sim, dependem dos programas traçados pela instituição. De acordo com Giacaglia & Penteado (2000), no que concerne as instalações, é essencial que o SOEV disponha de um local próprio, de uso exclusivo, onde não sejam desenvolvidas outras actividades. Em condições ideais esse serviço contará com três salas:
Uma pequena que pode ser fechada a chave, isolada de ruídos e da passagem de pessoas, usada para entrevista, aconselhamento e aplicação de intrumentos de medida;
Uma de tamanho médio, situada em local de facíl acesso, funcionando como sala de recepção permanecendo aberta durante bo periodo de trabalho do orientador escolar e vocacional e;
Uma terceira, de tamanho maior que o das outras duas, para ser usada em reuniões ou trabalho em grupos.
As estratégias mais usadas pela instituição são do tipo preventivas como o uso frequente das palestras nas feiras que esta tem promovido nas comunidades e nas instiuições de ensino (escolas). De acordo com Giacaglia & Penteado (2000), as palestras são recursos valiosos que podem ser usados tanto na escola como na comunidade. Na escola, poderão destinar-se a todos, como também ser direcionadas apenas a determinados segmentos como alunos, professores, pais, etc, dependendo do que deva ser tratado. Elas são geralmente ampregadas como veículo de comunicação sobre os mais variados assuntos e temas, desde os objectivos e cronograma do serviços de orientação educacional para o ano em curso e para os proximos anos, até aspectos de psicologia do desenvolvimento humano, relacionamento criança-adulto, drogas, etc. Para que essa estratégia seja eficiente, há alguns requisitos a serem observados: o tema da palestra deve ser amplo, de interesse geral e transmitido em linguagem adequada à plateia à qual se destina, além de bem elaborado, fundamentado e dosado. No inicio o público deve ser informado sobre as razões para a escolha do tema proposto e sobre os principais tópicos do mesmo a serem desenvolvidos. Quanto a duração, não deve ser muito longa, prevendo-se um tempo para proposição de perguntas, esclarecimento de dúvidas e recolha de sugestões para as proximas palestras.

4. Limitações
Na busca de informação acerca de estrutura e organização dos serviços de orientação na sede da instituição, não foi possível ter acesso total aos dados, uma vez que a instituição alegou que se encontrava numa época de reforma afirmando assim que nem os profissionais que tratam destas questões estavam disponíveis para uma secção de entrevista.
No que concerne a busca de informação para esta matéria, não parei por ai, tentei entrar em contacto de maneira informal com alguns membros da associação que se mostraram disponíveis em que afirmaram que um dos métodos mais usados para estes serviços são as palestras e entrevistas. Estes membros que se mostraram disponíveis para a entrevista alegavam não ter autoridade para disponibilizar mais informação sem a devida autorização do “chefe”.
Outra dificuldade obtida na busca de dados para o trabalho, é que os colaboradores da instituição que tive oportunidade de entrevistar, não eram profissionais ligados a àrea de orientação por isso não foi possível obter vários dados necessários para a pesquisa.
A análise documental não foi possível na organização porque se encontrava numa época de reforma.

5. Recomendações para a instituição
É importante que a instituição se mostre disponível a receber estudantes e outros interessados a interagir e conhecer mais sobre os seus serviços, desse modo irá promover o progresso e desenvolvimento da própria isntituição.
Existem várias formas de organizar os serviços de orientação. Giacaglia & Penteado (2000), alegam que:
Há necessidade de ter um espaço fixo composto por três salas para execução destes serviços. Quando as condições da instituição não permitem a existência de três salas (uma pequena, média e outra maior), deve-se dar prioridade à recepção e à entrevista. Entretanto, se o SOEV dispuser de único espaço, haverá apenas uma sala de trabalho que deverá ser fechada com aviso na porta, quando o orientador estiver a usar com finalidade de sala de entrevista.
Quanto ao mobiliário necessário ao serviços SOEV, na sala de recepção deve haver uma mesa grande com gavetas que possam ser fechadas a chaves, duas cadeiras, um armário ou estante, um quadro-negro ou outro tipo de local para avisos, recados e lembretes.
Caso haja sala de entrevista, aconselhamento e aplicação de instrumentos de medida, na mesma, deve haver uma mesa e duas ou três cadeiras, um armário e, na eventualidade de se poder contar com sala de reuniões, nesta, é útil a existência de um quadro-negro ou similar, muitas cadeira ou carteiras e uma mesa. Quanto a este aspecto a CADE já tem tido facilidade nas escolas quando promove palestras de orientação escolar fazendo o uso de anfiteatros que estas disponibilizam.
Fazem parte, ainda, do mobiliário, os fichários. Um fichário e/ou terminal de computador ficará na sala de recepção em um local visível e acessível, a fim de ser de facíl uso por qualquer adulto. Ele conterá em ordem alfabética de sobrenome, os nomes completos de todos clientes, respectivos turnos, classes e números. Se a istituição estiver informatizada, essas informaçoes poderão ser obtidas directamente do computador, dada a facilidade e agilidade do processo de registro de notas e faltas e as contrução de gráficos. Um terceiro fichário, este permanentemente fechado, deverá ser colocado longe da porta de entrada e, caso haja, na sala de entrevistas. Ele conterá fichas comulativas sobre cada aluno, com informaçoes desde a época que ele tenha entrado para a escola. Incluem-se, nessas fichas, resultados de testes, incidentes disciplinares, resultados de aconselhamento com o aluno ou seus pais ou responsáveis; observações e opiniões de professores ou outros funcionários sobre ele, enfim todas as informações confidenciais.
6. Conclusão
A CADE tem desempenhado várias actividades como feiras que consiste de uma série de palestras, visitas de estudo, workshops de orientação vocacional, exposições, e outras actividades de relevo para a camada estudantil moçambicana. Não possui uma estrutura interna padronizada para execução dos serviços de orientação uma vez que a instituição depende de outras organizações para realização destes serviços nas feiras que esta promove.
Devido as enúmeras dificuldades encontradas na busca de informação para a elaboração do presente trabalho, não foi possível atingir na totalidade os objectivos estabelecidos quanto a estrutura e organização dos SOPV, mas pode-se afirmar que uma das formas de funcionamento desses serviços é com parcerias com outras associações privadas e do estado interessadas para a promoção destes serviços.
As estratégias mais usadas pela instituição são do tipo preventivas como o uso frequente das palestras nas feiras que esta tem promovido nas comunidades e nas instiuições de ensino. Contudo, para que o orientador educacional possa exercer com eficiência as suas funções, constitui condição básica a existência de um serviço de orientação escolar bem organizado composto por instalações, materiais adequados e profissionais qualificados para o exercício desta função permitindo o auto-conceito do cliente e conhecimento da oferta do meio, enfim, o auto-desenvolvimento do individuo.



7. Referências bibliográficas
Bock, M. (1995). A escolha profissional em questão. São Paulo: Casa do Psicólogo.

CDL de Barra do Garças (s/d). Estrutura Física. Acessado no dia 15 de Novembro de 2010 em http://www.cdlbarradogarcas.com.br/Estrutura-Fisica/.

Escola Brotero (2009). Serviços de Psicologia e Orientação. Acessado no dia 15 de Novembro de 2010 em http://www.esec-avelar brotero.rcts.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=167&Itemid=59.

Ferreira, H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Giacaglia, L. & Penteado, W. (2000). Orientação educacional na prática: principios técnicos instrumentais. Pioneira: São Paulo.

Lampeao, O. (2009). O que é controlo interno?. Acessado no dia 14 de Novembro de 2010 em http://ojpeao.blogs.sapo.mz/9881.html.

OCDE-Comunidades europeias (2004). Orientação escolar e profissional: GUIA PARA DECISORES.

Importancia do Aconselhamento na Adolescencia

Há um processo contínuo de desenvolvimento do aparelho psíquico entre as várias fases da vida da criança e do adolescente. A adolescência se caracteriza pelo afastamento do seio familiar e conseqüente imersão no mundo adulto. Nessa fase, a pessoa se deixa influenciar pelo ambiente de maneira muito mais abrangente que antes, onde seu universo era a própria família. À medida que os vínculos sociais vão se estabelecendo, um conjunto de características vai sendo valorizado, desde características necessárias para ser aceito pelo grupo, até características necessárias para expressar um estilo que agrada a si próprio e ao outro.
Nas últimas décadas o número de adolescentes aumentou consideravelmente em relação à população mundial. Na América Latina, no Caribe, em partes do Sul da Ásia e na África, esta percentagem excede em 20% o total da população. Em conseqüência dos processos de urbanização, a quantidade de adolescentes nas cidades cresce mais rapidamente do que o número total da população. O êxodo rural dos adolescentes com migração principalmente para as metrópoles, traz conseqüências graves, tais como junção à grupos sócio-economicamente marginais, acarretando riscos à saúde. "Em muitos países, o crescimento populacional rápido, a migração à centros urbanos e o progresso técnico dos anos passados enfraqueceram as estruturas familiares e sociais que anteriormente signifacaram proteção e apoio aos adolescenctes neste período crítico de mudanças. Os individuos são especialmente susceptíveis aos problemas que resultam da pobreza, do desabrigo e superlotação, analfabetismo, desemprego, criminalidade e guerra (Görgen, s/d)."
O presente trabalho surge na cadeira de psicologia de aconselhamento e tem como principal objectivo abordar aspectos inerentes ao tema “importância do aconselhamento na adolescência”. Uma vez que todo individuo no seu crescimento e desenvolvimento biopsicosocial passa por esta fase acompanhada por diversas crises, é importante abordar este tema para melhor analisar, compreender e explicar os comportamentos desta etapa de crescimento.
O trabalho apresenta a seguinte estrutura: Definição de conceitos; Adolescência como uma construção histórico-social; Mudanças cognitivas; Mudanças biológicas; Adolescência para Jean Piaget; Adolescência para Erik Erikson; Construção da identidade; Crise de identidade na adolescência; Teorias de aconselhamento; Causas da necessidade do aconselhamento; Importância do aconselhamento na adolescência; Conclusão e referências bibliográficas. Para elaboração do trablho recorreu-se a revisão bibliográfica.

Definição de conceitos
Na cultura anglo-saxônica, o termo aconselhamento ("counseling") é utilizado para designar um conjunto de práticas que são tão diversas quanto as que configuram as práticas de : orientar, ajudar, informar, amparar, tratar. Também pode ser definido como " uma relação na qual uma pessoa tenta ajudar uma outra a compreender e a resolver problemas aos quais ela tem que enfrentar " (Tourette & Turgis, 1996).
O aconselhamento é definido por Mckinney como "uma relação interpessoal na qual o conselheiro assiste o indivíduo na sua totalidade psíquica a se ajustar mais efectivamente a si próprio e ao seu ambiente" e por Scheefer como "uma relação face a face de duas pessoas, na qual uma delas é ajudada a resolver dificuldades de ordem educacional, vital e a utilizar melhor os seus recursos pessoais" (Scheefer, 1989).
Aconselhamento parental tem como objectivo esclarecer e orientar os pais e relativamente a diversas questões de ordem prática e simultaneamente, reorganizar e desbloquear dificuldades de comunicação. Através da compreensão das dificuldades existentes é possível deliniar estratégias de mudança que possam auxiliar os pais a lidar e superar os problemas existentes. As sessões de aconselhamento parental podem acontecer no contexto de seguimento psicológico do individuo, ou da forma pontual no sentido de promover a melhoria da dinâmica familiar (Durão, 2008).
Pré-adolescência é uma das etapas do desenvolvimento humano caracterizada por anteceder a entrada na adolescência. Nesse período da vida as crianças passam a ter mais responsabilidades (deveres), ao mesmo tempo em que passam a querer e exigir mais respeito de outras pessoas - particularmente dos adultos. A criança nesta faixa etária passa a compreender mais a sociedade, ordens sociais e grupos, o que torna esta faixa etária uma área instável de desenvolvimento psicológico. Porém, alguns grupos de pessoas não aceitam essa classificação, colocando os pré-adolescentes já como adolescentes.
Adolescência é a fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Com isso essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis - físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto (Steinberg, 1993).
Adolescência, do latim adolescere (crescer) é uma fase da vida que pode ser definida em sua dimensão psicobiológica e em sua dimensão histórica, política, econômica, social e cultural. A definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), refere-se à dimensão biológica e psicológica da adolescência.
Para a OMS, a adolescência compreende a faixa etária que vai dos 10 aos 19 anos. Caracteriza-se por mudanças físicas aceleradas e características da puberdade, diferentes do crescimento e desenvolvimento que ocorrem em ritmo constante na infância. Essas alterações surgem influenciadas por factores hereditários, ambientais, nutricionais e psicológicos (OMS,1965).
Zagury (1995), explica que a adolescência é uma fase caracterizada pela transição entre infância e a juventude. Para ela, compreende um momento extremamente importante do desenvolvimento, com características muito próprias, como: período de conflitos, necessidade de afirmação, mudanças físicas e psicológicas, associadas à impaciência e à irresponsabilidade. Para Abramo (1994), a adolescência mostra-se, também, marcada por um sentimento de contestação e se caracteriza por um período de críticas, sobretudo, no que tange às transformações da ordem estabelecida. Luz (1993), também nos traz contribuições da dimensão sócio-cultural da adolescência, pois nos mostra que a própria ordem social constituída define o status, o papel e as possibilidades de integração do adolescente, classificando-o como imaturo. Essa concepção associa a irresponsabilidade jurídica e civil à necessidade de proteção, alijando o jovem das decisões políticas e econômicas. Apenas aos vinte e um anos, o jovem torna-se um cidadão completo. A imaturidade, portanto, não deve ser só vista como determinada por aspectos psicobiológicos, mas também, por interesses políticos e/ou econômicos. Monteiro (1999), considera que a literatura antropológica também tem trazido contribuições relevantes para esse debate ao revelar a influência do momento histórico, do contexto social, econômico e cultural na modelação das representações e práticas diversificadas durante essa etapa da vida. Conforme esta autora, a adolescência não compreende um conceito fechado e rígido, mas determinado por uma sociedade. Nesse sentido, a juventude deve ser pensada como um "fenômeno plural" intimamente ligado às condições materiais e simbólicas do meio.

Adolescência como uma construção histórico-social
Adolescência e juventude são fenômenos de forte caracterização cultural e sua definição está intimamente ligada à transformação da compreensão do desenvolvimento humano e também à transformação da forma como cada geração adulta se define a si própria.
A idéia de que a adolescência é uma fase qualitativamente diferente da infância e da idade adulta tem sua origem já na antiguidade. A base sócio-política dessa diferenciação só surgiu, no entanto, com a transformação das estruturas sociais ocorrida em fins do século XIX que permitiram que os jovens (adolescentes) fossem retirados do mercado de trabalho para frequentarem a escola e outras instituições educacionais. Ligados a essa idéia de adolescência como fase de formação para o trabalho foram propostos os termos "adolescência encurtada"e "adolescência estendida", que descrevem as diferentes oportunidades de formação e educação que têm pessoas que entram no mercado de trabalho mais cedo ou mais tarde - normalmente de acordo com a situação cultural e a possibilidade financeira da família (Lazarsfeld, 1931).
Nesta fase do desenvolvimento ocorrem várias mudanças no individuo. Estas mudanças podem ser a nível cognitivo e biológico.

Mudanças cognitivas
O desenvolvimento cognitivo é uma das características mais marcantes da adolescência. Tal desenvolvimento se mostra sobretudo através: do aumento das operações mentais; da melhoria da qualidade no processamento de informações e da modificação dos processos que geram a consciência. Dessa maneira o adolescente adquire a base cognitiva para redefinir as formas com que lida com os desafios do meio-ambiente, que se torna cada vez mais complexo, e das mudanças psicofisiológicas. As principais características segundo Steinberg (1993), desse desenvolvimento são:
1.Pensar em possibilidades - ou seja, o pensamento não se limita mais à realidade, mas atinge também hipóteses irreais e permite ao indivíduo gerar novas possibilidades de ação;
2.Pensamento abstrato - a capacidade de abstrair se desenvolve, pemitindo ao indivíduo compreender não somente conceitos abstratos, mas também estruturas complexas, sobretudo sociais, políticas, científicas, econômicas e morais;
3.Metacognição - o próprio pensamento é alvo de reflexão, permitindo o direcionamento consciente da atenção, a reflexão e a avaliação de pensamentos passados, abrindo assim caminho para as capacidades de autoreflexão e introspecção;
4.Pensamento multidimensional - o indivíduo torna-se capaz de levar em conta cada vez mais aspectos dos fenômenos. Essa capacidade permite ao indivduo compreender a interdependência de fenômenos de diferentes áreas e argumentar a partir de diferentes pontos de vista;
5.Relativização do pensamento - o indivíduo se torna cada vez mais capaz de compreender outros pontos de vista e sistemas de valores.

Mudanças biológicas
De acordo com Rice (1975), várias mudanças corporais ocorrem nesta fase de crescimento e podem se notar em vários aspectos:
1.Crescimento físico
Durante a adolescência o corpo do indivíduo cresce continuamente até a idade de 16 a 19 anos, quando a estatura adulta é alcançada - os rapazes atingem a estatura adulta em média dois anos mais tarde do que as moças. Tal crescimento, no entanto, não se dá de maneira contínua: aproximadamente aos 14-15 anos os rapazes - as moças dois anos antes - têm um "salto no crescimento", ou seja eles crescem em um ano mais do que nos anos anteriores e nos seguintes. Depois desse salto, a velocidade do crescimento diminui marcadamente até o indivíduo atingir sua altura final. Paralelamente ao crescimento físico há um aumento no peso, que, no entanto, é dependente da alimentação e da forma de vida.
As diferentes partes do corpo também crescem com velocidades diferentes. De maneira geral os membros superiores (braços) e inferiores (pernas) e a cabeça crescem mais rapidamente que o resto do corpo, atingindo seu tamanho final mais cedo. Isso leva a uma desproporção visível com relação ao tronco, que cresce mais devagar. Essa desproporção é observável também nos movimentos por vezes desajeitados, típicos da adolescência. Até a idade de 11 anos, meninos e meninas têm aproximadamente a mesma força muscular. O crescimento muscular dos rapazes é, no entanto, maior, o que explica a maior força física média dos homens na idade adulta.

2.Puberdade
Apesar das muitas diferenças individuais no crescimento e no desenvolvimento sexual, o processo de amadurecimento sexual apresenta uma certa sequência, comum tanto aos rapazes como às moças. Para as moças, esse processo tem início, em média, dois anos mais cedo do que nos rapazes. Esse processo é acompanhado por diferentes mudanças:

Mudanças biológicas nas mulheres
10-11 anos: Início da formação dos quadris com a acumulação de gordura, primeiro crescimento dos seios e dos mamilos;
11-14 anos: Surgem os pelos pubianos (lisos), a voz torna-se mais grave, rápido crescimento dos ovários, da vagina, do útero e dos lábios da genitália; Os pelos pubianos tornam-se crespos; Idade do "salto de crescimento", os seios começam a tomar forma, amadurecimento dos óvulos: menarca (primeira menstruação):
14-16 anos: Crescimento dos pelos axilares, os seios adquirem a forma adulta (estágio secundário).
Mudanças biológicas nos homens
12-13 anos: Surgem os pelos pubianos (lisos); início do crescimento dos testículos, do escroto e do pênis, mudanças temporárias no peito; formação de esperma
13-16 anos: Início da mudança de voz, crescimento acelerado do pênis, dos testículos, do escroto, da próstata e da vesícula seminal, primeira ejaculação; Os pelos pubianos tornam-se crespos; Grande "salto de crescimento" ; Crescimento dos pelos axilares.
16-18 anos: aparecimento da barba, início das "entradas" no contorno dos cabelos, marcante mudança de voz.

Adolescência para Jean Piaget
Segundo Piaget citado por Dolle (1997), a adolescência situa-se no quarto estádio do desenvolvimento humano, o estádio das operações formais que se situa entre os 11 anos até cerca dos 15/16 anos. A partir desta altura a criança/adolescente já é capaz de fazer operações sem o suporte da manipulação de objectos. As operações passam a ser realizadas a um nível absolutamente verbal e conceptual, sendo capaz de efectuar raciocínios hipotético-dedutivos, deduzindo mentalmente a partir de hipóteses abstractas. Tornam-se então capazes de planejar um futuro glorioso, antecipar as consequências das acções, criar explicações alternativas dos eventos transformar o mundo pela palavra e suspender as próprias crenças. Os adolescentes tornam-se mais capazes de pensar sobre o que é possível sem limitar o seu pensamento sobre o que é real, movem-se mais facilmente entre o específico e o abstracto, geram sistematicamente possibilidades alternativas e explicações, exercita ideias no campo do possível e formula hipóteses. O pensamento passa a revelar uma natureza auto reflexiva. Com estas capacidades começa a definir conceitos e valores.

Adolescência para Erik Erikson
Erickson defende que a energia ativadora do comportamento é de natureza psicossocial, integrando não apenas factores pulsionais biológicos e inatos, como a libido, mas também factores sociais, aprendidos em contextos histórico-culturais específicos (Erikson, 1972). O desenvolvimento psicossocial é sinônimo de desenvolvimento da personalidade e decorre ao longo de oito estágios que, no seu conjunto, constituem o ciclo da vida. Cada estágio corresponde à formação de um aspecto particular da personalidade. Um dos conceitos fundamentais na teoria de Erickson é o de crise ou conflito que o indivíduo vive ao longo dos períodos por que vai passando, desde o nascimento até ao final da vida. Cada conflito tem de ser resolvido positiva ou negativamente pelo indivíduo. A resolução positiva traduz-se numa virtude, que é um ganho psicológico, emocional e social: uma qualidade, um valor, um sentimento, em suma, uma característica de personalidade que lhe confere equilíbrio mental e capacidade de um bom relacionamento social. Se a resolução da crise for negativa, o indivíduo sentir-se-á socialmente desajustado e tenderá a desenvolver sentimentos de ansiedade e de fracasso. Contudo, numa fase posterior, a pessoa pode passar por vivências que lhe refaçam o equilíbrio e o compensem, reconstruindo-lhe o seu auto-conceito.
Segundo Erickson (1972), o indivíduo constroi a sua personalidade durante a adolescência, porém essa construção não é feita de um mesmo modo para todos os adolescentes, ou seja, não é padronizado e linear. Durante esta fase da vida há sempre procura de algo mais, há crises, indecisões, situações conflituosas que têm de ser resolvidas de um modo ou de outro. Uma vez construída a personalidade, isso não confere um caráter rígido à personalidade, continuando o indivíduo a reorganizar, a cada momento, os elementos integrantes da sua personalidade, ajustando-a, portanto às diversas circunstâncias, do cotidiano, que nos vão surgindo.
Para Erikson (1972), o conceito de crise é desenvolvido, sublinhando as incertezas e indagações do adolescente no sentido de descobrir quem é e de definir o que virá a ser no futuro. A resposta à inquietação do adolescente só é conseguida pela tomada de consciência de si, do seu ego e de que está apto a assumir a sua verdadeira identidade. Neste trajeto repleto de interrogações pode necessitar de uma ou várias moratórias, antes da integração de todos os “eus” num conceito de si como ser único e disposto a arcar com as responsabilidades inerentes à construção do seu projeto existencial de vida.

Construção da identidade
Para Erikson (1972), o senso de identidade é desenvolvido durante todo o ciclo vital, onde cada indivíduo passa por uma série de períodos desenvolvimentais distintos, havendo tarefas específicas para se enfrentar. A tarefa central de cada período é o desenvolvimento de uma qualidade específica do ego. Para esse autor, dos 13 aos 18 anos a qualidade do ego a ser desenvolvida é a identidade, sendo a principal tarefa adaptar o sentido do eu às mudanças físicas da puberdade, além de desenvolver uma identidade sexual madura, buscar novos valores e fazer uma escolha ocupacional.
Erikson (1972), afirma que em termos psicológicos, a formação da identidade emprega um processo de reflexão e observação simultâneas, um processo que ocorre em todos os níveis do funcionamento mental, pelo qual o indivíduo se julga a si próprio à luz daquilo que percebe ser a maneira como os outros o julgam, em comparação com eles próprios e com uma tipologia que é significativa para eles; enquanto que ele julga a maneira como eles o julgam, à luz do modo como se percebe a si próprio em comparação com os demais e com os tipos que se tornaram importantes para ele. De acordo com Lepre (s/d), a construção da identidade é pessoal e social, acontecendo de forma interativa, através de trocas entre o indivíduo e o meio em que está inserido. Erikson (1972), enfatiza que a identidade não deve ser vista como algo estático e imutável, como se fosse uma armadura para a personalidade, mas como algo em constante desenvolvimento.
Entre os aspectos importantes no desenvolvimento da identidade está o controle vital, ou seja, as fases ou períodos da vida que o indivíduo atravessa até chegar à idade adulta, que são marcados por crises apresentadas como situações a serem resolvidas.

Crise de identidade na adolescência
A adolescência é uma extraordinária etapa na vida de todas as pessoas. É nela que a pessoa descobre a sua identidade e define a sua personalidade. Nesse processo, manifesta-se uma crise, na qual se reformulam os valores adquiridos na infância e se assimilam numa nova estrutura mais madura. Alguns conflitos importantes podem aparecer durante a construção da identidade do adolescente. O rumo que ele dá para sua vida acaba tendo influências da sociedade, a qual cobra de cada pessoa um papel social, preferentemente definido e o mais definitivo possível (PsiqWeb, 2003).
Segundo Lepre, (s/d), o período da adolescência é marcado por diversos factores em que o mais importante é a tomada de consciência de um novo espaço no mundo, a entrada em uma nova realidade que produz confusão de conceitos e perda de certas referências. O encontro dos iguais no mundo dos diferentes é o que caracteriza a formação dos grupos de adolescentes, que se tornarão lugar de livre expressão e de reestruturação da personalidade, ainda que essa fique por algum tempo sendo colectiva. Essa busca do “eu” nos outros na tentativa de obter uma identidade para o seu ego é o que Erikson chamou de “crise de identidade”, o que acarreta angústias, passividade ou revolta, dificuldades de relacionamento inter e intrapessoal, além de conflitos de valores. Desta forma, o grande conflito a ser solucionado na adolescência é a chamada crise de identidade e essa fase só estará terminada quando a identidade tiver encontrado uma forma que determinará, decisivamente, a vida ulterior. É importante entender que o termo crise, adotado por Erikson, não é sinônimo de catástrofe ou desajustamento, mas de mudança; de um momento crucial no desenvolvimento onde há a necessidade de se optar por uma ou outra direção, mobilizando recursos que levam ao crescimento.
De acordo com Lepre (s/d), a crise de identidade é marcada, também, por uma confusão de identidade, que desencadeará um processo de identificações com pessoas, grupos e ideologias que se tornarão uma espécie de identidade provisória ou coletiva, no caso dos grupos, até que a crise em questão seja resolvida e uma identidade autônoma seja construída. É exatamente essa crise e, conseqüente confusão, de identidade que fará com que o adolescente parta em busca de identificações, encontrando outros “iguais” e formando seus grupos. A necessidade de dividir suas angústias e padronizar suas atitudes e idéias, faz do grupo um lugar privilegiado, pois nele há uma uniformidade de comportamentos, pensamentos e hábitos. Com o tempo, algumas atitudes são internalizadas, outras não, algumas são construídas e o adolescente, paulatinamente, percebe-se portador de uma identidade que, sem dúvida, foi social e pessoalmente construída.

Teorias de aconselhamento
O aconselhamento é definido por Mckinney como "uma relação interpessoal na qual o conselheiro assiste o indivíduo na sua totalidade psíquica a se ajustar mais efectivamente a si próprio e ao seu ambiente" e por Scheefer como "uma relação face a face de duas pessoas, na qual uma delas é ajudada a resolver dificuldades de ordem educacional, vital e a utilizar melhor os seus recursos pessoais" (Scheefer, 1989).

Teoria centrada no cliente
O nome de Carl Rogers está associado ao Aconselhamento centrado no cliente, do qual é fundador e chefe, tendo dedicado toda a sua vida profissional a essa prática, ensinando, pesquisando e aperfeiçoando a sua proposta. Até hoje constitui uma das mais importantes formas de Aconselhamento. A fundamentação da teoria de Rogers é que os homens possuem uma tendência de auto-actualização inerente, um movimento em direcção ao desenvolvimento das capacidades que servem para manter e elevar o indivíduo. Seguindo esse impulso inato, as pessoas podem conhecer as suas necessidades, desenvolver uma visão de si mesmas e interagir na sociedade de modo benéfico. Isso não ocorre sem angústias ou “dores de crescimento”, mas teoricamente; se os homens podem ser ajudados a seguir a sua natureza, caminharão para um estado de relativa felicidade, contentamento e ajustamento psicológico geral (Patterson, 1980).
Os problemas no processo de desenvolvimento da personalidade surgem quando pessoas importantes nas nossas vidas (por exemplo, pais, professores, colegas) estabelecem um julgamento de valor sobre nós, em vez de nos aceitar incondicionalmente. O juízo de valor é condicionado pela satisfação de certas condições e expectativas. Porque os homens necessitam da aprovação dos outros para obterem um auto-respeito, empenham-se em satisfazer as expectativas e o julgamento alheio, embora isso, muitas vezes, obrigue a suprimir, ou ignorar, a tendência auto-actualizantes e a oportunidade de nos aceitarmos e nos avaliarmos incondicionalmente. Cria-se uma falsa auto-imagem, baseada nas condições avaliativas que encontramos e, assim, distorcemos e negamos a realidade, numa busca que confirma o nosso desajustamento.
A chave para um desenvolvimento saudável da personalidade e uma auto-reabilitação dos problemas psicológicos repousa sobre as “condições necessárias e suficientes de mudança de personalidade” (Rogers, 1957). Tais condições consistem na expressão do conselheiro e na percepção do cliente, um olhar positivo incondicional, um entendimento empático, congruência e honestidade. Quando os clientes interagem com os conselheiros que se comportam desta maneira, começam a partilhar a sua experiência; activa-se a tendência à auto-actualização; questionam-se e descartam-se as condições de avaliação e volta-se para uma aceitação e um respeito incondicionais.

Teoria racional-emotiva
A teoria racional-emotiva foi desenvolvida por Albert Ellis, um psicólogo clínico. A teoria racional-emotiva e as suas aplicações no Aconselhamento sustentam uma série de hipóteses teóricas sobre o funcionamento emocional-comportamental dos homens e como pode ser mudado (Ellis, 1977). Na base dessas hipóteses, está o conceito de que factos não forçam as pessoas a terem reacções comportamentais emocionais. É, antes, a interpretação dos pensamentos sobre os factos que precipita a emoção e o comportamento. No entanto, a meta da mudança na psicoterapia consiste nos pensamentos, atitudes, crenças e sentidos que provocam o distúrbio emocional-comportamental (Rosa, 1995).
Ellis preconiza que os homens têm a capacidade de interpretar a realidade de forma clara, lógica e objectiva, podendo evitar aborrecimentos desnecessários de ordem emocional-comportamental, mas afirma também que os homens estão predispostos a interpretações irracionais. São susceptíveis a pensamentos tortuosos, a tirar conclusões ilógicas que não são objectivas e que são distorsões cognitivas da realidade.
Uma interpretação irracional da realidade, como a precedente, possui, em geral, duas ou três características típicas (Ellis,1977 citado por Rosa, 1995): (1) demanda algo irreal do mundo, das outras pessoas e de si mesmo; (2) exagera o repúdio às coisas de que não gosta; (3) conclui que não pode tolerar as coisas de que não gosta e (4) condena o mundo, os outros e a si mesmo. Essas características expressam-se em ideias específicas e crenças irracionais, tais como:
Tenho que ser amado e aprovado por todos aqueles que considero significantes.
Preciso de ser completamente competente e adequado em tudo o que faço. Não ficarei satisfeito enquanto não for o melhor.
Algumas pessoas são inerentes e totalmente más, perversas e depravadas. Devem ser severamente acusadas e punidas.
Existe uma coisa que não é do meu gosto e é horrível ! Não posso suportá-la!
A minha felicidade depende de acontecimentos e de outras pessoas. O destino de cada um determina a sua felicidade. Tenho pouca habilidade para controlar a minha mágoa e os meus fracassos.
Por toda a parte existem perigos e calamidades e preciso de ficar constantemente em estado de alerta e estar preparado caso eles apareçam.
Há dificuldades e responsabilidades que será melhor evitar porque requerem muito desconforto e esforço no seu trato.
É melhor fazer o que os outros querem, deixar que sigam os seus caminhos e assim eu posso depender e apoiar-me neles, para que me ajudem.
Por causa das influências da minha vida anterior, eu sou o que sou e sempre serei assim. Não posso mudar.
Há uma solução apropriada e perfeita para todos os problemas e preciso de encontrá-la, para ser feliz e acabar com os meus problemas.
Por exemplo, ocorre uma interpretação irracional quando: (a) os pais repreendem a criança por ter deitado o leite; (b) a criança conclui “Sou uma pessoa má e incapaz” e, consequentemente, (c) sente-se ameaçada e ferida e retira-se da cena.

Teoria comportamental
Uma definição geral de Aconselhamento comportamental diz que “consiste em qualquer actividade ética empreendida pelo aconselhador no esforço de ajudar o cliente a assumir tipos de comportamento que levarão à resolução do problema do cliente”. Tal definição talvez seja muito geral para descrever completamente o carácter e a aparência do Aconselhamento comportamental; porém, põe em questão dois factos importantes: (1) não existe limite para a variedade de métodos usados no Aconselhamento comportamental e (2) os objectivos do Aconselhamento – para resolver os problemas dos clientes - podem ser enunciados em termos comportamentais (Rosa, 1995).
Os métodos e processos de Aconselhamento comportamental baseiam-se em teorias de socio-aprendizagem, teorias sobre pessoas que aprendem e mudam o seu comportamento. Usam-se formas de aprendizagem tais como o condicionamento operante, o condicionamento clássico, a modelagem e os processos cognitivos para ajudar as pessoas aconselhadas a mudar um comportamento indesejado e/ou desenvolver um comportamento novo, produtivo.
Segundo Rosa (1995), alguns métodos e técnicas de Aconselhamento comportamental podem ser agrupados numa destas categorias:
mudança e controlo dos antecedentes do comportamento
mudança e controlo do reforço do comportamento
uso de modelos para reconhecer comportamentos indesejados e aprender comportamentos desejáveis
aprendizagem de habilidades sociais.

Estágios do Aconselhamento Comportamental
1.O aconselhador ajuda os clientes a explorar os seus interesses e faz-se uma análise comportamental e estimativa através de questões e, talvez, de um questionário ou instrumento de avaliação.
2.As duas partes determinam metas mutuamente aceitáveis em termos comportamentais consagrados.
3.Desenvolvimento e implementação de estratégias orientadas para os princípios da teoria da aprendizagem (i.e, qualquer conjunto de procedimentos que ajudem o cliente a comprometer-se em comportamentos que resolvam o seu interesse).
4.Responsabilidade, quando o cliente indica que a estratégia foi efectiva e promoveu o comportamento desejado e a resolução do problema.

Teoria psicanalítica
Psicanálise foi desenvolvida no final dos anos 1800 por Sigmund Freud. Sua terapia explora o funcionamento dinâmico de uma mente entendido como composto de três partes:o id hedonista, o ego racional e do superego moral. Porque a maioria dessas dinâmicas são ditas para ocorrer a consciência das pessoas de fora, a psicanálise freudiana pretende sondar o inconsciente por meio de várias técnicas, incluindo a interpretação dos sonhos e a associação livre. Freud afirmava que o estado da mente inconsciente é profundamente influenciada pelas experiências da infância. Assim, além de lidar com os mecanismos de defesa utilizados por um ego sobrecarregados, sua terapia endereços fixações e outras questões sondando profundamente os jovens clientes (Malapedia, s/d).
Outras teorias psicodinâmicas e técnicas têm sido desenvolvidas e utilizadas pelos psicoterapeutas, psicólogos, psiquiatras, facilitadores de crescimento pessoal, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. Técnicas de terapia de grupo também foram desenvolvidos.

Causas da necessidade do aconselhamento
Existem várias causas para o aconselhamento neste periodo de crescimento. Para além das crises que o individuo enfrenta, Görgen (s/d), apresenta vários outros aspectos pertinentes a se ter em conta como factores relevantes para o aconselhamento:
Em várias sociedades, os pais não têm o costume de falar com os seus filhos a respeito de relacionamentos sexuais, reprodução e anticoncepção. Antigamente talvés outros membros da família, p. ex. os tios ou tias, assumiam esta tarefa. Hoje, tanto os pais como também outros membros da família, não se sentem informados o suficiente nem aceitos pelos adolescentes para aconselhá-los a este respeito. Em várias pesquisas realizadas, os pais expressaram a sua necessidade de saber mais sobre educação sexual, contracepção e prevenção à HIV-SIDA para poderem falar a respeito com os seus filhos.
Mesmo em sociedades nas quais as crianças são muito valorizadas, as adolescentes solteiras grávidas sofrem pressão social e psíquica, levando-as à possibilidades ilegais e inseguras de aborto. Elas também tentam esconder o seu estado, deixando de usufruir das possibilidades de serviços pré-natais, de modo que os riscos para a saúde aumentam. Dificuldades econômicas ainda acentuam estes problemas. A saúde não só das adolescentes é prejudicada. As crianças que nascem sob tais circunstâncias, freqüentemente são negligenciadas ou até abandonadas.
Em geral, uma gravidez na adolescência é diretamente ligada à perda de chances nos estudos. Em muitos países alunas grávidas são excluídas da formação escolar ou profissional. Mesmo havendo permissão oficial para a continuação dos estudos, a desaprovação social e a perda de reputação entre as pessoas da mesma idade podem levar à exclusão da comunidade. Freqüentemente, as adolescentes não conseguem suportar a dupla jornada de estudo e criação da criança. A procura de um esposo que possa garantir o sustento da jovem mãe e da criança, possivelmente leva a contactos com vários parceiros e a outras gravidezes extra-matrimoniais.
Informações deficientes: Muitas vezes, os conhecimentos acerca de sexualidade e reprodução deixam a desejar. Ignora-se o facto que uma única relação sexual pode levar à gravidez. Prevalecem idéias errôneas sobre os cálculos do período fértil. Freqüentemente, as pessoas não sabem aonde receber os contraceptivos e boatos sobre efeitos colaterais afectam a aceitação.

Importância do aconselhamento na adolescência
Em Moçambique, o aconselhamento para adolescentes/jovens tem ocorrido muitas vezes nas escolas através de associações como GATV auxiliando-os no fornecimento de mais informação sobre HIV-SIDA. O aconselhamento em HIV/SIDA configura-se em um diálogo que visa estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores e a oferecer ao cliente condições para que avalie sua condição de vulnerabilidade e riscos pessoais de portar o Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV) ou de já ter desenvolvido a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), tome decisões e encontre maneiras realistas, ou seja, maneiras viáveis de enfrentar seus problemas relacionados ao HIV/SIDA.
Segundo Tourette & Turgis (1996), o indivíduo tem um valor em si, independentemente do que pode realizar. Muitas vezes, a pessoa não é consciente ou ignora seu potencial de desenvolvimento. O aconselhamento visa ajudá-la a desenvolver sua singularidade e a acentuar sua individualidade. Para Catherine, "o aconselhamento é uma forma de " psicologia situacionista ", isto é, a situação é causa do sintoma e não o inverso. Neste sentido, o aconselhamento, forma de acompanhamento psicológico e social, designa uma situação na qual duas pessoas estabelecem uma relação, uma fazendo explicitamente apelo à outra através de um pedido (verbalizado) com objectivo de tratar, resolver, assumir um ou mais problemas que lhe dizem respeito. De acordo com Catherine, "o princípio de coerência do aconselhamento reside fundamentalmente no facto de que muitas situações da vida são causas de sofrimentos psicológicos e sociais, necessitando uma conceitualização e que dispositivos de apoio sejam colocados à disposição das pessoas que as vivem " (Tourette & Turgis, 1996).
De acordo com Tourette & Turgis (1996), o aconselhamento responde às necessidades de pessoas que procuram ajuda de uma outra para resolver, em um tempo relativamente breve, problemas que não são oriundos necessariamente de problemáticas profundas (do ponto de vista psicológico). Estes problemas podem estar ligados, na verdade, aos empecilhos ou a um contexto específico com o qual elas precisam se adaptar ou aos quais elas devem sobreviver e pelos quais, na maior parte do tempo, a sociedade não as preparou (ex. : traumatismos de guerra, prevenção de HIV-SIDA, desemprego, crises na adolescência, etc) ou não assegura as funções de apoio adequadas em tempo real, ou seja, de imediato.
As metas do Aconselhamento são vastas. Dependem da situação, do meio ambiente e do treinamento. Dentre vários objectivos do aconselhamento podem-se destacar alguns como:
1Tornar o indivíduo consciente da origem e do desenvolvimento de dificuldades emocionais rumo a uma crescente capacidade de autocontrole de sentimentos e acções;
2Ajudar o indivíduo a adquirir uma certa segurança pessoal que lhe permita desenvolver atitudes positivas em relação aos diferentes fenómenos da vida;
3Alterar comportamentos mal-ajustados;
4Assistir o indivíduo no sentido de mover-se com vista a realização do seu potencial ou de integrar os elementos inter-conflituosos;
5Promover a aquisição de um nível de compreensão, conhecimentos e habilidades que habilitem o indivíduo a confrontar-se com situações sociais mesmo as mais adversas.












Conclusão
Aconselhamento é um conjunto de práticas que são tão diversas quanto as que configuram as práticas de: orientar, ajudar, informar, amparar, tratar. Também pode ser definido como " uma relação na qual uma pessoa tenta ajudar uma outra a compreender e a resolver problemas aos quais ela tem que enfrentar.
Adolescência é a fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Com isso essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis - físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto. Nesta fase do desenvolvimento ocorrem várias mudanças no indivíduo ao nível cognitivo e biológico.
Entre os aspectos importantes do desenvolvimento no decorrer desta fase ou período da vida que o indivíduo atravessa encontram-se as crises apresentadas como situações a serem resolvidas. Para além das crises que o indivíduo enfrenta, há vários outros aspectos que se mostram importantes para o processo do aconselhamento na adolescência apresentados por Görgen.
Contudo, o processo de aconselhamento na adolescência mostra-se bastante importante porque responde às necessidades de pessoas que procuram ajuda de uma outra para resolver, em um tempo relativamente breve, problemas que não são oriundos necessariamente de problemáticas profundas (do ponto de vista psicológico). Estes problemas podem estar ligados, na verdade, aos empecilhos ou a um contexto específico com o qual elas precisam se adaptar ou aos quais elas devem sobreviver e pelos quais, na maior parte do tempo, a sociedade não as preparou ou não assegura as funções de apoio adequadas em tempo real, ou seja, de imediato.










Referências bibliográficas
Abramo, H. (1994). Cenas Juvenis: punks e darks no espetáculo urbano. São Paulo: Scritta Editora Página Aberta.

Dolle, J. (1997). Para compreender Jean Piaget. Paris: Dunod.

Durão, A. (2008). aconselhamento parental. Acessado no dia 19 de Novembro de 2010 em http://www.anadurao.pt/aconselhamento_parental_familiar.html.

Erikson, E. (1972). Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar.

Feldman & G. R. Elliot (eds.), At the threshold: The developing adolescence. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Görgen, R.(s/d). Sexualidade na adolescencia: enriquecimento ou ameaça. Acessado no dia 19 de Novembro de 2010 em http://elogica.br.inter.net/lumigun/texgund1.htm.
Lazarsfeld, F. (1931). Jugend und Beruf. Jena: Fischer.

Lepre, R. (s/d). Adolescência e construção da identidade. Acessado no dia 15 de Novembro de 2010 em http://www.psicologia.org.br/internacional/pscl36.htm.
Luz, M. (1993). Relações entre Adolescentes e a Sociedade: Instituição, Violência e Disciplina. Rio de Janeiro: Série Estudos em Saúde Coletiva.

Malapedia (s/d). Psicoterapia. Acessado no dia 15 de Novembro de 2010 em http://www.malapedia.com/malapedia/info-psicoterapia-pt-PSYTHE-saude.php.

Monteiro, S. (1999). Aids, Sexualidade e Gênero: a lógica da proteção entre jovens de um bairro popular carioca. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública/ FIOCRUZ.

Organización Mundial de la Salud (OMS) (1965). Problemas de salud de la adolescência. Série de Informes técnicos: Geneva.
PsiqWeb (2003). Depressão na Adolescência. Acessado no dia 16 de Novembro de 2010 em http://sites.uol.com.br/gballone/infantil/adoelesc2.html.

Rice, F. P. (1975). The Adolescent. Development, relationships, and culture. Boston: Allyn & Bacon.

Rogers, C.(1957). The Necessary and Sufficient Conditions of Therapeutic Personality Change. Journal of Consulting Psychology.
Rosa, M. (1995).Revista de Espiritismo nr. 29. França: UNESCO

Scheeffer, R. (1989). Aconselhamento Psicológico: teoria e prática. S. Paulo: Atlas S.A.
Steinberg, L. (1993). Adolescence. New York: McGraw-Hill.

Tourette & Turgis (1996). Le counseling. Paris: PUF.
Zagury, T. (1996). O Adolescente por Ele Mesmo. Rio de Janeiro: Editora Record.