sexta-feira, 15 de abril de 2011

Abordagem Centrada na Pessoa aplicada à Educação

Autor: Fernando Marrengula

Rogers caracteriza o aprendiz, o aluno, como uma pessoa completa e não unicamente um intelecto, um processo cognitivo a ser desenvolvido. O foco da Abordagem Centrada na Pessoa é sobre a pessoa em sua experiência total: de emoção, sentimentos, afectos e valores, bem como cognição. Esta Abordagem apresenta como centro de seus estudos a pessoa que experiência emoções, sentimentos e cognições nas diferentes situações vividas, articulando-as e dando-lhes significado. Para actualização de seu potencial, considerada motivação básica em todos os seres humanos, estes buscam a autonomia, a auto-realização e a integração.
No nosso país a educação está a conhecer uma nova realidade, com a introdução do ensino centrado no aluno, que esta a suscitar uma grande controvérsia em torno do mesmo. Foi em vertude deste panorama que se vive que levo-me a escolher esta temática, visando buscar alguns subsídios para uma maior compreensão desta abordagem aplicada à educação.
O trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: introdução, pressupostos fundamentais da Abordagem Centrada na Pessoa, Aprendizagem Centrada no aluno: Princípios e Qualidades, o processo de aprendizagem, criticas à introdução do ensino centrado no aluno em Moçambique, descrição do caso- Instituto Nília, organização da aprendizagem no Instituto Nília, considerações finais.
Para a elaboração da presente trabalho recorreu-se a revisão bibliográfica e uma visita ao Instituto Nília recorrendo a uma entrevista semi-estruturada.


2.Pressupostos Fundamentais da Abordagem Centrada na Pessoa
Psicólogo americano, Carl Rogers foi pioneiro no desenvolvimento de métodos científicos que tinham como objectivo o estudo da mudança nos processos psicoterapêuticos, vindo a criar e a desenvolver um modelo de intervenção que designou inicialmente por Terapia Centrada no Cliente. A Abordagem Centrada na Pessoa foi uma expressão utilizada por Carl Rogers para referir uma forma específica de entrar em relação com Outro, estando implícito um modo positivo de conceptualizar a pessoa humana (Capelo, 2000).
Na sua evolução, as idéias do autor passam do campo exclusivo da Psicoterapia para serem aplicadas em áreas como os Grupos, as Organizações e a Educação (Capelo, 2000).
Progressivamente a filosofia de base humanista, a que está subjacente o quadro conceptual da Abordagem Centrada na Pessoa, foi encontrando eco em pessoas de horizontes profissionais diversos, nomeadamente no domínio da Educação, acabando por se constituir um Movimento que é conhecido actualmente como Abordagem Centrada na Pessoa (Capelo, 2000). Este pode ser definido como integrando três pressupostos de base:

1.Uma concepção do homem alicerçada nos princípios da corrente humanista da Psicologia.
Relativamente ao a este pressuposto Rogers (1989, citado por Capelo, 2000), refere que a Abordagem Centrada tem como principal premissa "uma visão do homem como sendo, em essência, um organismo digno de confiança". Por outro lado, dois conceitos foram desenvolvidos por Rogers, e que são considerados como fundamentais para a compreensão do seu modelo e que são: Tendência Actualizante e a Não Directividade.
Tendência Actualizante
De acordo com Rogers (1989, citado por Capelo, 2000), todo o organismo é movido por uma tendência inerente a desenvolver todas as suas potencialidades e a desenvolvê-las de maneira a favorecer sua conservação e enriquecimento. A tendência actualizante não visa somente a manutenção das condições elementares de subsistência como as necessidades de ar, alimentação. Ela preside, igualmente, actividades mais complexas e mais evoluídas tais como a diferenciação crescente dos órgãos e funções; a revalorização do ser por meio de aprendizagens de ordem intelectual, social, prática.

Não Directividade
A definição de não directividade passa, segundo Rogers(1989, citado por Capelo, 2000), pelo acreditar que o indivíduo tem dentro de si amplos recursos para autocompreensão, para alterar seu autoconceito, suas atitudes e seu comportamento autodirigido. Em oposição a outros modelos de intervenção, Rogers propõe um que acredita na autonomia e nas capacidades de uma pessoa, no seu direito de escolher qual a direção a tomar no seu comportamento e sua responsabilidade pelo mesmo.
De acordo com Gobbi & Missel (1998), a não directividade é, antes de tudo, uma atitude em face do cliente. É uma atitude pela qual o terapeuta se recusa a tender imprimir ao cliente uma direcção qualquer, em um plano qualquer, recusa-se a pensar o que o cliente deve pensar, sentir ou agir de maneira determinada. Definida posteriormente, é uma atitude pela qual o conselheiro testemunha que tem confiança na capacidade de auto-direção do seu cliente.
Neste sentido a Não Directividade pode ser entendida como uma forte subscrição do conceito de Tendência Actualizante na medida em que "É uma confiança de que o cliente pode tomar as rédeas, se guiado pelo técnico, é a confiança de que o cliente pode assimilar insight se lhe for inicialmente dado pelo técnico, pode fazer escolhas Rogers (1989, citado por Capelo, 2000).
A atitude não directiva pode ser transmitida através das respostas reflexo de sentimento ou reformulação, que é a forma que o terapeuta utiliza para acompanhar o cliente, sem o dirigir ou seja acompanhá-lo a partir do seu (cliente) quadro de referência.

2.Uma abordagem fenomenológica que privilegia a experiência subjectiva da pessoa, implicando que o conhecimento que se tem do outro surge a partir da compreensão do seu quadro de referências.
3.Uma forma de entrar em relação que se constitui como um encontro entre pessoas.
Relativamente a estes dois últimos pressupostos Rogers (1989, citado por Capelo, 2000), salientou em particular à forma como a pessoa entra em relação com outra. Assim, enumerou e definiu um conjunto de atitudes que considerou facilitadoras do processo de comunicação inter-humana. No caso específico da temática em referência, a qualidade de relação que se estabelece no contexto pedagógico, nomeadamente as atitudes do professor para com o aluno, determinam não só o nível qualidade da aprendizagem, como também o próprio desenvolvimento pessoal do aluno.
Aceitação positiva incondicional
Esta traduz-se pela aceitação incondicional da pessoa por parte da outra, tal como ela é, sem juízos de valor ou críticas a priori (Rogers, 1985 citado por Capelo, 2000). Desta forma, a pessoa pode sentir-se livre para reconhecer e elaborar as suas experiências da forma como entender e não como julga ser conveniente para o outro. Poderá então sentir que não é necessário abdicar das suas convicções para que os outros a aceitem.
A aceitação positiva incondicional é uma atitude assente na crença no potencial interno humano, derivando do principal conceito proposto por Rogers a Tendência Atualizante (Gobbi e Missel, 1998).

Compreensão empática
Rogers definiu compreensão empática como uma "capacidade de se imergir no mundo subjectivo do outro e de participar na sua experiência, na extensão em que a comunicação verbal ou não verbal o permite. É a capacidade de se colocar verdadeiramente no lugar do outro, de ver o mundo como ele o vê"(Gobbi & Missel, 1998).
Assim podemos dizer que a compreensão empática é um processo dinâmico que significa a capacidade de penetrar no universo perceptivo do outro, sem julgamento, tomando consciência dos seus sentimentos, sem no entanto, deixar de respeitar o seu ritmo de descoberta de si próprio (Rogers, 1985) e a pessoa sente-se não apenas aceite, mas também compreendida enquanto pessoa na sua globalidade.

Congruência
Finalmente, a congruência pretende indicar o estado de coerência ou acordo interno e de autenticidade de uma pessoa, a qual se traduz na sua capacidade de aceitar os sentimentos, as atitudes, as experiências, de se ser genuíno e integrado na relação com o outro (Rogers, 1985)
Rogers defende que, se estas atitudes, que designou condições facilitadoras, estiverem presentes na relação, a pessoa entra num processo de aceitação de si própria e dos seus sentimentos, tornando-se por isso, na pessoa que deseja ser, mais flexível nas suas percepções, adaptando objectivos mais realistas para si própria e, simultaneamente, torna-se mais capaz de aceitar os outros (Rogers, 1985).
Desta forma, uma relação assente nas atitudes acima descritas pode sintetizar-se nos termos seguintes: respeito, confiança, aceitação, autenticidade, tolerância.  

3.Aprendizagem Centrada no aluno: Princípios e Qualidades
Rogers apresenta um modelo educativo mínimo inovador, onde o centro das suas considerações é a pessoa do aluno, em contraste com um modelo tradicionalista em tudo gira à volta da figura do professor (Capelo, 2000). Neste modelo Rogers demonstra as formas mais adequadas de facilitar o processo de aprendizagem.

3.1.Princípios para o desenvolvimento de aprendizagem
Das obras consultadas podemos destacar alguns princípios definidos pelo autor como fundamentais para o desenvolvimento do processo de aprendizagem:
O ser humano contém em si uma potencialidade natural para a aprendizagem (Rogers, 1986).
Não podemos ensinar, apenas podemos facilitar a aprendizagem (Rogers, 1974).
A aprendizagem significactiva acontece quando o assunto é percebido pelo aluno como relevante para os seus propósitos, o que significa que o aluno aprende aquilo que percebe como importante para si (Rogers, 1974).
A aprendizagem que implique uma mudança ameaçadora na percepção do self, tende para a resistência (Rogers, 1974).
As aprendizagens são melhor apreendidas e assimiladas quando a ameaça externa ao self é reduzida ao mínimo (Rogers, 1974).
A maioria das aprendizagens significativas são adquiridas pela pessoa em acção, ou seja, pela sua experiência (Rogers, 1986).
A aprendizagem qualitativa acontece quando o aluno participa responsavelmente neste processo (Rogers, 1974).
A aprendizagem que envolve a auto-iniciativa por parte do aluno e a pessoa na sua totalidade, ou seja, dimensões afectiva e intelectual, torna-se mais duradoura e sólida (Ibidem).
Quando a autocrítica e a auto-avaliação são facilitadas, e a avaliação de outrem se torna secundária, a independência, a criatividade e a auto-realização do aluno tornam-se possíveis (Rogers, 1974).
A aprendizagem concretiza-se de forma plena quando o professor é autêntico na relação pedagógica (Rogers, 1986).
Para uma aprendizagem adequada torna-se necessário que o aluno aprenda a aprender, quer dizer que, para além da importância dos conteúdos, o mais significactivo para Rogers é a capacidade do indivíduo interiorizar o processo constante de aprendizagem (Rogers: 1986).
Para que estes princípios estejam presentes na relação pedagógica é fundamental que o professor se torne no que Rogers designou por facilitador do processo de aprendizagem. E para que tal aconteça é essencial que haja uma segurança por parte de quem educa que lhe permita acreditar na pessoa do aluno, na sua capacidade de aprender e pensar por si próprio (Rogers, 1986).

3.2.Qualidades do facilitador
Para além de enunciar os princípios que facilitam o processo de aprendizagem, Rogers propõe também um conjunto de qualidades que considerou como fundamentais para a transformação de um professor num facilitador da aprendizagem. Estas qualidades não são mais do que uma adaptação à educação das atitudes facilitadoras da mudança, propostas pelo o autor no seu modelo psicoterapêutico.

Autenticidade do facilitador é a primeira qualidade que Rogers considerou como a mais básica e que designa como a capacidade de o facilitador ser real, sem máscara nem fachada na relação com o aluno (Rogers, 1986). Desta forma, o autor crítica o ensino tradicional na medida em que o professor é um actor, representando um papel e não pessoa autêntica. A proposta de Rogers traduz-se numa relação de pessoa para pessoa e não de um papel de professor para um papel de aluno.

Aceitação e Confiança é segunda qualidade, de acordo com Rogers, se expressa numa capacidade de aceitar a pessoa do aluno, os seus sentimentos, as suas opiniões, com valor próprio e confiar nele sem o julgar. É uma confiança no organismo humano e uma crença nas suas capacidades enquanto pessoa (Rogers, 1986), ou seja, se os professores aceitam os alunos como eles são, permitem que expressem seus sentimentos e atitudes sem condenação ou julgamentos, planeiam actividades de aprendizagem com eles e não para eles, criam uma atmosfera de sala de aula relativamente livre de tensões e pressões emocionais, as consequências que se seguem são diferentes daquelas observadas em situações onde essas condições não existem(Idem).

Comprensão empática é a terceira e última qualidade que Rogers refere como a capacidade de compreender empaticamente o aluno, ou seja, compreendê-lo a partir do seu quadro de referência interno. De acordo com (Rogers, 1986), a compreensão empática acontece quando o professor tem a capacidade de compreender internamente as reacções do aluno, tem uma consciência sensível da maneira pela qual o processo de educação e aprendizagem se apresenta ao aluno.

4.O processo de aprendizagem
De acordo com Capelo (2000), ensinar é a acção de comunicar um conhecimento, habilidade ou experiência a alguém, com a finalidade de que este o aprenda, utilizando para isso um conjunto de métodos, técnicas e procedimentos que se consideram apropriados
Rogers (1986), definiu aprendizagem como sendo uma "insaciável curiosidade" inerente ao ser humano e que a sua essência é o significado, o que significa que o foco está no processo e não no conteúdo da aprendizagem. O professor deve ter em conta que os alunos aprendem aquilo que para eles é significativo.
Assim, e de acordo com o ensino centrado no aluno, é importante que o professor tente encontrar o fio condutor que orienta o aluno, ou seja, ir ao encontro do que o aluno tenta compreender e, se necessário, reformular conhecimentos e o método de os ensinar. O objectivo primordial deste modelo é o de que o aluno abandone a passividade e adquira um papel activo, de intervenção no seu próprio processo de aprendizagem, o que significa que a aprendizagem deixa de estar centrada no professor, para passar a estar centrada no aluno (Capelo, 2000).
O acto de aprender é sempre um acto individual, o que significa que aquilo que se aprende, adquire em cada pessoa um sentido e um significado próprios (Capelo, 2000). Deste modo, as aprendizagens do aluno serão sempre diferentes, devendo as mesmas ser respeitadas pela pessoa do professor. Quando o foco é o aluno, a primeira coisa a ser reconhecida é que qualquer turma de alunos é constituída por indivíduos com diferentes estilos de aprendizagem. Alguns alunos tendem a focalizar mais factos, dados e algoritmos, com teorias e modelos matemáticos. Alguns podem aprender mais facilmente através de informações visuais, como figuras, diagramas e esquemas, enquanto outros conseguem entender melhor a partir de informações verbais: orais ou escritas. Uns preferem aprender activa e interactivamente, outros se adaptam melhor a uma abordagem mais introspectiva e individual.
Para esta abordagem, aprender traduz-se num processo de construção, no qual o aluno tem um papel decisivo na construção do seu conhecimento e onde o professor será o orientador, ou melhor, o facilitador desse processo, na medida em que o coordena e tutela (Capelo, 2000).
Ensinar requer, assim, e de acordo com o ensino centrado no aluno, um nível de maturidade e segurança por parte do professor, que lhe permita, por um lado, diminuir a assimetria do seu poder enquanto docente, partilhando a responsabilidade do processo de aprendizagem e, por outro, acreditar na capacidade de aprender e pensar por si próprio do aluno (Rogers, 1986).
Aprender é um processo dinâmico, que exige concentração, interesse, empenhamento e motivação, e por tal razão é importante que as relações de cooperação e participação entre professor e alunos estejam presentes (Capelo, 2000).
De acordo com esta abordagem, o aluno passa assim a ter uma participação activa e interventiva na escola. O que não significa que o professor abdique da sua responsabilidade, mas sim que permite ao aluno ter um papel activo no seu processo de aprendizagem, na qual é co-responsável.
A classe poderá, deste modo, transformar-se num grupo de pessoas, deixando os alunos de ter os olhos postos exclusivamente no professor, para passarem a olhar uns para os outros de forma interactiva. Deixam de ser um agregado de indivíduos que estão lado a lado, sem direito a comunicar, para passarem a ser um organismo vivo, em que todos os membros mantêm relações entre si (Capelo, 2000).
Rogers (1986), salienta a diferença na disponibilidade de recursos no processo de terapia e na educação para que a pessoa aprenda. Enquanto na terapia os recursos para que a pessoa aprenda como é são-lhe interiores, na educação existem também muitos recursos que são-lhe exteriores, do conhecimento, de técnicas, de teorias, que constituem a matéria prima a ser colocada à disposição dos alunos, tais como livros, mapas, gráficos, estudo de caso, reais que a vida lhe apresenta, por meio do conhecimento que a educação em seus diferentes níveis lhe disponibiliza.
No que se refere a avaliação, numa perspectiva centrada no aluno, é muito mais coerente seguirmos pela mesma linha de raciocínio. Se é o aluno que se determina a buscar seu conteúdo e a forma como será abordado, logo, ninguém melhor que este para avaliar o conhecimento que adquiriu. Só o indivíduo pode conhecer realmente sua experiência, só pode ser julgada a partir de critérios internos do organismo. O aluno deverá assumir formas de controle de sua aprendizagem, definir e aplicar os critérios para avaliar até onde estão sendo atingidos os objectivos que pretende, com responsabilidade (Rogers, 1986).

5.Críticas à introdução do ensino centrado no aluno em Moçambique
No ensino centrado no aluno, o professor tem como papel principal criar e estimular o ambiente educativo. Nesta abordagem, o ensino tem de se processar ao nível da coordenação e acompanhamento, das informações (conteúdos) devendo fornecer os contextos e o conhecimento base que promova uma verdadeira autonomia aos educandos. Neste sentido, deve, igualmente, haver uma preocupação em colocar os alunos face a problemas que exijam experimentação. Contudo, muitos professores desconhecedores desta realidade ignoram estas inovações, provavelmente por não as conhecerem e não as dominarem. Hesita-se em alterar as estruturas existentes há muito tempo, simplesmente porque as inovações exigem uma formação, uma preparação e uma organização suplementares.
Na altura da introdução deste modelo de ensino, as estruturas superios da educação no nosso país parece que não observaram uma aspecto muito importante que são os materias, que devem estar a disposição dos educandos, que vai possibilitar aos mesmo o desenvolvimento de autonomia, criatividade, responsabilidade por parte dos educandos. Outro aspecto, também não observado, foi a formação de professores capacitados ou mesmo a reciclagem dos professores em exercicio de modo a estarem capacitados para fazer face este modelo de ensino.

6.Descrição do caso- Instituto Nília
O Instituto Nília é uma escola privada, sediada na cidade de Maputo, que lecciona a pré-classe, o ensino básico e o ensino secundário. A secção dedicada a pré-escola e a primeira classe é constituida por cinco salas das quais três são ocupadas por alunos da primeira classe e duas por alunos da pré-escola, sendo que em cada turma existem, em média, vinte e cinco alunos.
As salas são arejadas, coloridas, limpas e espaçosas, e outros espaços como corredores, secretaria e pátios também conservam estas mesmas características. Para trabalhar, os professores não usam nenhum quadro e os alunos sentam-se em mesas redondas de cinco alunos cada uma. Existe em cada sala todo material didáctico que os alunos necessitam e algum material auxíliar como televisor, aparelho de som, espelho. Também faz parte da constutuição da escola uma pequena sala onde quardam jogos e outro material didático, uma secretaria e três sanitários. A escola dispõe ainda de uma pátio com o chão revestido de areia, com baloiços, escorregas e outros acessórios que servem para as crianças descontrairem e brincarem na hora do recreio.
A escola possui três professores que orientam a primeira classe, dois que orientam a pré-escola, duas assistentes e uma funcionária da secretaria.

6.1.Organização da aprendizagem
A organização do processo de aprendizagem na seccão dedicada a pré-escola e o ensino básico, de acordo com a professora Kátia (comunicação pessoal), existe uma série de actividades diárias que são programadas para os alunos, porém, estes tem a liberdade de escolher uma em cada momento, esperando-se que este aluno, no fim do dia tenha passsado por todas as actividades programadas para aquel dia. O aluno tem a liberdade de escolher o livro e a página que quer trabalhar num dado momento. Estes alunos ficam divididos em pequenos grupos, de cinco a seis alunos dispostos em mesas redondas, onde fazem actividades de forma individual ou grupal.
Segundo a professora Kátia (comunicação pessoal), os professores funcionam como orientadores da aprendizagem, visto que a medida em que os alunos terminam uma actividade, vão ter como o professor para dar uma parecer, e este amavelmente dá o seu parecer sem dizer se esta certo ou errado, somente encoraja os mesmos no sentido de serem mais criativos nas suas actividades. Os aluno não são pressionados, trabalham de forma livre, tem à sua disposição material necessário para a realização das actividades.
De acordo com a professora Kátia (comunicação pessoal), nesta escola, o processo de ensino em geral, é conduzido levando em consideraçao a idade maturacional dos alunos, não a idade cronológica. Este processo visa o desenvolvimento da criatividades, autonomia, aquisição de valores, habilidades comunicativas e ainda proporcionar oportunidades para a interacçao social, crescimento à todas as crianças da escola.
Quanto a avaliação, a professora Kátia referiu que esta não é aquela tradicional, em que há uma atribuição de notas, ou seja, não é quantitativa, mais sim e feita em termos qualitativos, repara-se mais para o que aluno aprendeu desde a sua entrada na escola.


7.Considerações finais

O modelo educativo proposto por Rogers, no âmbito da Abordagem Centrada na Pessoa e que designou por Aprendizagem Centrada no Aluno, tem como objectivo principal permitir ao aluno uma participação activa no seu processo de aprendizagem, ou, se quisermos, no seu processo de crescimento pessoal, no pressuposto de que esta cooperação melhora a eficácia da acção pedagógica.
Como a qualidade do processo aprendizagem passa, por um lado, pela construção de uma relacção pedagógica, com base na aceitação e compreensão da pessoa do aluno e, por outro, pelo pressuposto de que o aluno contém em si potencialidades para aprender e como tal terá motivação para o fazer, o papel do professor facilitador será, assim, o de estimular e desenvolver as potencialidades do aluno e simultaneamente manter a motivação necessária ao seu crescimento e desenvolvimento pessoal.
Desta forma, escola e professores podem ter um papel importante na descoberta dos interesses dos alunos e desenvolvê-los de forma a criar hábitos de pesquisa, que lhes permitam manter a motivação para aprender e encontrar métodos de estudo adequados às suas próprias necessidades.
Este modelo exige que se criem condições que possibilitarão o desenvolvimento da criatividade e autonomia nos aluno, essas condições devem ser internas ou externas ao facilitador.
Aprendizagem Centrada no Aluno, no nosso contexto moçambicano é aplicada de forma integral no Instituto Nília, onde o processo de ensino e aprendizagem é focalizado no aluno, este tem a liberdade escolher diariamente a actividade que tem significado para ele, proporcionando-lhe deste modo o desenvolvimento da criatividade, autonomia, aquisição de valores, habilidades comunicativas e ainda oportunidade para a interacçao social. A escola dispõe de um ambiente propicio e um conjunto de material didáctico necessário para a aprendizagem. Os professores nesta instituição tem o papel de facilitar o processo de aprendizagem.


8.Referências bibliográficas  
Capelo, F., (2000).  Aprendizagem Centrada na Pessoa: Contribuição para a compreensão do modelo educativo proposto por Carl Rogers. Disponível em http://www.encontroacp.psc.br/aprendizagem.htm acessado em 10 de Novembro de 2010.
                                                  
Gobbi, S., & Missel, S. (Org.) (1998). Abordagem Centrada na Pessoa: Vocabulário e Noções Básicas. Editora Universitária unisul.

Rogers, C., (1974). A Terapia Centrada no Paciente. Lisboa: Moraes Editores.

Rogers, C., (1985). Tornar-se Pessoa. Lisboa: Moraes Editores.

Rogers, C., (1986). Liberdade de Aprender em Nossa Década. Porto Alegre: Artes Médicas.

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