sexta-feira, 3 de junho de 2011

Albinismo em África

autores:Fernando Marrengula, Hipólito Sambo, Erica da Costa, Vicente Mazive


O presente artigo, da Perspectiva Africana dos Fenómenos Psicológicos, surge no âmbito de interpretar certos fenómenos que ocorrem ao nível sócio-cultural do nosso contexto africano, de acordo com a percepção da Psicologia moderna. Este exercício visa, também, dotar os estudantes de capacidades académicas de interpretração de fenómenos psicológicos. Neste âmbito o tema apresentado aborda a questão do albinismo em África e a interpretação dada a este fenómeno em termos culturais.
Para a elaboração do trabalho recorreu-se à pesquisa bibliográfica. Desta forma, o trabalho é composto essencialmente de três partes. A primeira consiste na apresentação de conceitos considerados importantes; a segunda aprensenta o panorama actual sobre o albinismo em África; e, por fim, apresenta-se a análise da situação pelo grupo.

Albinismo em África
Albinos: são indivíduos que não possuem a pigmentação que dá cor às partes externas do corpo.
Nos seres humanos normais esse pigmento, chamado melanina, é produzido na camada celular profunda da pele e espalha-se para as camadas superiores visíveis. Para que isso aconteça é necessário a ajuda de uma enzima, a tirosinase. Por um erro na formação genética dos albinos, eles não possuem o gene que dá a ordem ao organismo para produzir essa enzima e assim não há produção da melanina, que além de dar cor, protege o corpo contra os males da radiação solar. Por esse motivo, o albino é muito mais sensível a radiação dos raios ultravioleta (Mendes, 2010).
As pessoas vitimadas pelo albinismo possuem cabelos finos, olhos sensíveis à luz e uma pele extremamente pálida e frágil, propensa ao câncer. Tais indivíduos, apesar de sua aparente fragilidade e dos cuidados que lhes devem ser dispensados, levam uma vida normal, quando vivem num país civilizado (Dias, 2009).
Como qualquer pessoa que saia do padrão em qualquer lugar do mundo, os albinos sofrem muita discriminação. Em alguns países africanos os albinos são acusados de feiticeiros. São hostilizados pela comunidade em que vivem. Frequentemente há relatos de linchamentos, torturas e assassinatos contra eles.
Nos países como Tanzania e Burundi, os albinos são caçados como animais valiosos, em virtude de uma cruenta superstição. As partes mais valorizadas do corpo dessas pessoas são dedos, língua, braços, pernas e genitais, que chegam a alcançar um bom valor no comércio voltado para a feitiçaria. O comércio é tão lucrativo e a situação é tão bizarra que a Tanzânia chega a importar, às escondidas, partes do corpo, embora o país tenha uma incidência de albinismo tão grande que chega a cinco vezes mais que a média mundial (Dias, 2009).
A crença na superstição de que os albinos são seres sobrenaturais é tão forte em certos país africanos, que os pescadores desses países, ao tecerem suas redes, agregam a elas fios de cabelos de pessoas albinas, para trazerem sorte à pescaria. Os mineiros usam no pescoço amuletos feitos com os ossos moídos, enquanto o sangue de um albino, bebido ainda quente, traz sorte em dobro. Se o sangue for de uma criança, ele tem mais valor ainda, uma vez que intensifica o poder do feitiço, em função de sua pureza infantil (Dias, 2009).
Os curandeiros ( esses que,em suas vilas são muito respeitados) da Tanzânia e Burundi espalham aos sete ventos que comer uma parte qualquer do corpo de uma pessoa albina lhe trará riqueza e poder. Por isso os albinos são obrigados a viver em vilas separadas e vigiados 24 horas por dia para não serem amputados os membros (Fernando, 2010).

Considerações finais
Como qualquer pessoa que saia do padrão no seu contexto, os albinos em África sofrem muita discriminação. Em alguns países africanos os albinos são acusados de feiticeiros. São hostilizados pela comunidade em que vivem. Frequentemente há relatos de linchamentos, torturas e assassinatos contra eles.
Esta discriminação e perseguição social dos albinos deve-se, em muitas situações, a crenças enraizadas nas pessoas, e espalhadas pelos curandeiros (por sinal muito respeitados nas comunidades) que os albinos podem trazer muita sorte nos negócios e no bem estar sócio-económico, bastando para tal conseguir as partes mais valorizadas do corpo dos albinos tais como dedos, língua, braços, pernas e genitais, que chegam a alcançar um alto valor no comércio voltado para a feitiçaria.
Portanto, os fenómenos psicológicos africanos apresentados no texto consistem em crenças de que o albino é uma maldição na família, e por tabús de pura ignorância, da superstição e do preconceito social, o que torna os albinos africanos pessoas marginalizadas e prisioneiras dos que acreditam que certas partes do seu corpo podem levar ao sucesso.

Referencias bilbliográficas
Dias, L. (2009). O Albinismo e a Feitiçaria. Acessado no dia 28 de Abril de 2011 em http://www.almacarioca.net/o-albinismo-e-a-feitiaria-lu-dias/.
Fernando, D. (2010). Albinos caçados na Àfrica. Acessado no dia 28 de Abril de 2011 em http://domfernando.wordpress.com/2009/07/30/albinos-cacados-na-africa/.

Mendes, R. (2010). Enfermagem pediátrica. Acessado no dia 28 de Abril de 2011 em http://enfermped.wordpress.com/2010/03/30/a-triste-sorte-das-criancas-albinas-na-tanzania/.

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